Um dos pontos mais altos das digressões da Resistência, o concerto no Armazém 22, em Lisboa, deu origem a esta gravação histórica em que o grupo mostrava como, em concerto, as canções de toda uma geração do rock feito em Portugal dialogavam naturalmente com a sua assistência. Para além dos hinos habituais, o álbum contém ainda versões de «Mano a Mano» (ou «A Capa Negra», dos Madredeus, mas em instrumental) e Finisterra, de Dudas.
Disco 1
1. Mano a Mano (Instrumental) Letra
Letra:
Música:
Pedro Ayres Magalhães
2. Liberdade Letra
Letra e Música:
Pedro Ayres MagalhãesArde
arde
sincero silêncio
a liberdade
só tem um momento
Arde
à vontade
alta, procura
fica a saudade
ai que não tem cura
Canta
canta
a chama da vida
a liberdade
está quase perdida
Canta
à vontade
alto e bem
sem medo
é a saudade
quem guarda o segredo
Calma
calma que já se avizinha
a liberdade
voltando sozinha
Vem
à vontade
que eu espero acordado
tenho a saudade
ai sempre do meu lado
3. Nasce Selvagem Letra
Letra e Música:
Miguel Angelo, Fernando CunhaMais do que a um país
que a uma família ou geração
Mais do que a uma passado
Que a uma história ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
A uma rotina ou profissão
Mais do que a um partido
que a uma equipa ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem
Quando alguém nasce
Nasce selvagem
Não é de ninguém
Quando alguém nasce
Nasce selvagem
Não é de ninguém
De ninguém
4. No Meu Quarto Letra
Letra e Música:
Miguel Angelo, Fernando CunhaA terra a tremer
o céu a trovejar
e quando as nuvens caírem
estarei no meu quarto
O país a discutir
o estado a massificar
e quando todos partirem
estarei no meu quarto
No meu espaço
fortificado
ninguém me vai entrar
fico só
desligado
a ver de lado o mundo a girar
Fico só
abraçado
a ver de lado o mundo a girar
No meu quarto fico longe
no meu quarto estou tão perto
no meu quarto apago a luz
e pela sombra viajo no deserto
5. Finisterra (Instrumental) Letra
Letra:
Música:
Rui Luís Pereira (Dudas)
6. Que Amor Não Me Engana Letra
Letra e Música:
José AfonsoQue amor não me engana com a sua brandura
Se da antiga chama, mal vive a amargura
Numa mancha negra, numa pedra fria
Que amor não te entrega na noite vazia
E as vozes embargam num silêncio aflito
Quando mais se apartam mais se ouve o seu grito
Muito a flor das àguas, noite marinheira
Para a minha beira
Em novas coutadas, junto de uma hera
Nascem flores vermelhas pela Primavera
Assim tu souberas irmã cotovia
Dizer-me se esperas o nascer do dia
E as vozes embargam num silêncio aflito
Quando mais se apartam mais se ouve o seu grito
Muito a flor das àguas, noite marinheira
Para a minha beira.
7. Timor Letra
Letra:
Pedro Ayres MagalhãesMúsica:
Paulo GonçalvesAndam lá sem descansar,
Nas montanhas a lutar
Iluminam todo o mar
De Timor
Nas montanhas sem dormir
Uma luz a resistir
Arde sem se apagar
Em Timor
Andorinha de asa negra
Se o teu voo lá passar
Faz chegar um grande abraço,
Dá saudades a Timor
Eles não podem escrever,
Porque vão a combater
Vão de manhã defender
A Timor
As crianças a chorar,
Não as posso consolar
Que eu nunca cheguei a ver
A Timor
Andorinha de asa negra
Vem ouvir o meu cantar
Ai que dor rasga o meu peito
Sem notícias de Timor
Nunca mais hei-de voltar
Já não posso lá voltar
À idade de lembrar
A Timor
Estam lá a descansar
Nas montanhas a lutar
Iluminam todo o mar
De Timor
Andorinha de asa negra
Vem ouvir o meu cantar
Ai que dor rasga o meu peito
Sem notícias de Timor
Andorinha de asa negra
Se o teu voo lá passar
Faz chegar um grande abraço,
Dá saudades a Timor
8. Perigo Letra
Letra:
Alberto LopesMúsica:
João GilSai debaixo das pedras
E vai
Vai
Vai mais longe mais fundo
Não mudes de assunto
Só porque é mais fácil
Vai
Vai mais longe vai
Vai ao fundo do fundo
Não mudes de assunto
Há sempre um perigo
9. Traz Outro Amigo Também Letra
Letra e Música:
José AfonsoAmigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também
Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também
10. Fim Letra
Letra:
Mário de Sá CarneiroMúsica:
João GilQuando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza…
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro.
11. Só No Mar Letra
Letra:
António José Almeida, Pedro Ayres MagalhãesMúsica:
Heróis do MarEu só quero lembrar
eu só quero rodar
eu só quero voar
flutuar, flutuar, flutuar no ar
eu só quero sentir
eu só quero subir
e subir, e subir, e subir
e sentir, e sentir, e sentir
eu não posso parar
eu não posso ficar
eu não posso parar
eu não posso ficar
Eu não posso parar
eu não posso ficar
tu vais ter de encontrar
como eu espero encontrar
por mim a sangrar
Com sabor e calor
eu já sinto o fervor
com fervor e amor
eu já sinto o Senhor
sem calor sem furor
eu só sinto o terror
a rezar e a cantar
eu cá vou
Encontrar a flor (flor do mar)
duma alma só (só no mar)
a sentir-se a si (flor do mar)
é muito melhor só amar
Eu não posso parar
eu não posso pedir por ti a chamar
tu vais ter de encontrar
vais ter que voltar por ti a velar
Perto do Senhor (só no mar)
só perto de mim (flor do mar)
numa alma só (só no mar)
perto da multidão só no mar a cantar
Flutuar
flutuar no ar
a nadar
a nadar
a nadar no mar
eu só quero é subir
e subir e subir
eu só quero é sentir
e sentir e sentir
o Senhor
Disco 2
1. Fado Letra
Letra:
Pedro Paulo Gonçalves, Pedro Ayres MagalhãesMúsica:
António José Almeida, Pedro Ayres MagalhãesÀ volta do adro
duas ou três casas
uns bancos vermelhos
ao meio uma cruz
ali um café
ao lado da igreja
uns homens parados
e uma linda luz
Sim estou convencido
qu’isto é mesmo assim
que nunca se conta
bem o que se vê
e levo comigo
já sem aprender
o que os olhos vêem
e eu já não sei
Com a voz que me resta
eu não vou poder cantar
as coisas do mundo
não sei descrever
estou longe
são portas fechadas
segredos por revelar
são coisas do mundo
só se podem ver
ao longe
2. Amanhã É Sempre Longe Demais Letra
Letra:
VitinhaMúsica:
Filipe, FlakPela janela mal fechada
Entra já a luz do dia
Morre a sombra desejada
Numa esperança fugidia
Foi uma noite sem sono
Entre saliva e suor
Com um travo de abandono
E gosto a outro sabor
Dizes-me até amanhã
Que tem de ser que te vais
Porque amanhã sabes bem
É sempre longe demais
Acendo mais um cigarro
Invento mil ideais
Só que amanhã sei-o bem
É sempre longe demais
Pela janela mal fechada
Chega a hora do cansaço
Vai-se o tempo desfiando
Em anéis de fumo baço
3. A Noite Letra
Letra e Música:
P. Fonseca, F. Resende, J. M. Antunes, M. MirandaEla sorriu
E ele foi atrás
Ela despiu-o
E ela o satisfaz
Passa a noite
Passa o tempo devagar
Já é dia já é hora de voltar
Aqui ao luar
Ao pé de ti
Ao pé do mar
Só o sonho fica
Só ele pode ficar
Aqui ao luar
Ao pé de ti
Ao pé do mar
Só o sonho fica
Só ele pode ficar
Ela sorriu
E ele foi atrás
Ela despiu-o
E ela o satisfaz
Passa a noite
Passa o tempo devagar
Já é dia já é hora de voltar
4. Marcha Dos Desalinhados Letra
Letra:
Miguel AngeloMúsica:
Fernando CunhaEu não quero estar parado
fico velho
vou marchar até ao fim
isolado
nesta marcha solitária
dou o corpo, ao avançar
neste campo aberto ao céu
ninguém sabe
para onde eu vou
ninguém manda
em quem eu sou
sem cor nem deus nem fado
eu estou desalinhado
por tudo o que eu lutei
ser sincero?
por tanto que arrisquei
ainda espero …
esta marcha imaginária
quantas baixas vai deixar
neste sonho desperto?
5. Aquele Inverno Letra
Letra:
Miguel AngeloMúsica:
Fernando CunhaHá sempre um piano
um piano selvagem
que nos gela o coração
e nos trás a imagem
daquele inverno
naquele inferno
Há sempre a lembrança
de um olhar a sangrar
de um soldado perdido
em terras do Ultramar
por obrigação
aquela missão
Combater a selva sem saber porquê
e sentir o inferno a matar alguém
e quem regressou
guarda sensação
que lutou numa guerra sem razão…
sem razão… sem razão…
Há sempre a palavra
a palavra “nação”
os chefes trazem e usam
pra esconder a razão
da sua vontade
aquela verdade
E para eles aquele inverno
será sempre o mesmo inferno
que ninguém poderá esquecer
ter que matar ou morrer
ao sabor do vento
naquele tormento
Perguntei ao céu: será sempre assim?
poderá o inverno nunca ter um fim?
não sei responder
só talvez lembrar
o que alguém que voltou a veio contar… recordar…
recordar…
Aquele Inverno
6. Um Lugar Ao Sol Letra
Letra e Música:
Miguel Angelo, Fernando Cunha
Se souberes adormecer
com o dia no olhar
O teu sonho viverás
E ao chegar o amanhecer
Não terás que aceitar
Entrar no jogo a perder
Para procurar um lugar
um lugar ao sol sempre teu
sei que é um sonho e não pertence a mais ninguém
O teu lugar ao sol
Se souberes acreditar
que sonhar é só viver
e viver imaginar
Vais conquistar um lugar
um lugar ao sol sempre teu
sei que é um sonho e não pertence a mais ninguém
o teu lugar ao sol
Não pares de lutar
agarra o dia ao nascer
há uma batalha a travar
que só tu podes vencer…
só tu podes vencer
Um lugar ao sol
assim que o dia nascer
o teu lugar ao sol
7. Nunca Mais Letra
Letra:
Pedro Ayres MagalhãesMúsica:
Heróis do MarAo nascer daquela aurora
nossos olhares prisioneiros
trocaram céus de quem chora
nos encontros derradeiros
Apartados por destino
nossos olhares chorarão
dobraram ao longe os sinos
sabiam da nossa paixão
Nunca mais
nunca mais
serei fiel
ao meu estranho fado
Nunca mais
nunca mais
serei fiel
como tinha jurado
Vinde mágoas da solidão
lavrar a dor de quem não tem
senão agrura no coração
senão desejo de amar bem
8. Circo De Feras Letra
Letra:
TimMúsica:
Xutos & PontapésA vida vai torta
jamais se endireita
o azar persegue
esconde-se à espreita
Nunca dei um passo
que fosse o correcto
eu nunca fiz nada
que batesse certo
De modo que a vida
é um circo de feras
e os entretantos
são as minhas esperas
E enquanto esperava
no fundo da rua
pensava em ti
e em que sorte era a tua
quero-te tanto
9. Não Sou O Único Letra
Letra:
Zé PedroMúsica:
Xutos & PontapésPensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado ás tentações
E quando as nuvens partirem
O céu azul brilhará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará
Não, não sou o único
Não, sou o único a olhar o céu
Não, não sou o único
Não, sou o único a olhar o céu
Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ouvir os conselhos dos outros
E sempre a cair nos buracos
A desejar o que não tive
Agarrado ao que não tenho
Não, não sou o único
Não sou o único a olhar o céu
E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará
10. Prisão Em Si Letra
Letra:
TimMúsica:
Xutos & PontapésE numa prisão em si
Não saindo do que é seu
Foi esquecido
Adormeceu
À procura do amanhã
Andam homens inseguros
Erguem escadas
Partem muros
A nós os montes imundos
Dêem-nos os vales profundos
Sítios onde vê
Impossível ir
Ergam escadas
Partam Muros